sábado, 3 de maio de 2014

IMPÉRIO SERRANO 2002

Escola do Dia: IMPÉRIO SERRANO 2002
Categoria: Homenagem a personalidade

       Em 2002, o Império Serrano trouxe para a avenida o enredo de título "Aclamação e Coroação do Imperador da Pedra do Reino: Ariano Suassuna". Não foi uma simples homenagem a um dos maiores escritores do nosso país. O enredo foi além. Foi ao mesmo tempo histórico, cultural e folclórico. O carnavalesco Ernesto Nascimento fugiu da linha biográfica e fez uma homenagem a Ariano Suassuna a partir de uma de suas principais obras, o romance "A Pedra do Reino".
       Eu, particularmente, adoro esse desfile. Não só pelo fato de ser nordestino e fã do Ariano, mas pela própria condução do enredo e do desfile que a comunidade da Serrinha nos proporcionou. Esteticamente, apesar de ser não ser um escola farta de recursos financeiros e da falta de luxo, mostrou-se que a criatividade é ainda o maior atributo para um carnavalesco. Aliás, demonstrar a cultura nordestina em meio ao luxo nem combina, né? Soluções bastante interessantes para narrar um pouco de sua obra, um pouco do Nordeste e um pouco do homenageado. Gosto, especialmente, da segunda metade do desfile, em que as alegorias e fantasias possuíam uma acabamento um pouco mais aprimorado.
       No chão, o que falar do Império? São nesses momentos em que sinto mais falta de sua comunidade no Grupo Especial. O belo samba e uma comunidade cantando e evoluindo muito bem foram outros pontos altos. E a bateria? Esse é um quesito que não me arrisco a palpitar. Sei pouco ou quase nada de bateria. No entanto, mesmo sem saber nada, sei que  adoro ouvir a bateria do Império. Sério mesmo. Tem algo diferente ali que me fascina. Tirando a minha escola, claro, a bateria que mais gosto de ouvir é a do Império, que em 2002 também me proporcionou momentos marcantes.
       Assim, posso dizer que o Império nos trouxe um belo desfile em 2002, mostrando que é uma escola grande (ou seria gigante?) que mesmo com tantos problemas a serem solucionados, sua falta no Especial é um buraco enorme não preenchido. Volta, Império. Volta!!!

"Hoje o Império é a voz da razão
Onde reina a paz e a união
E é muito mais que uma paixão

Sou imperador... Lá do sertão"


domingo, 6 de abril de 2014

BEIJA-FLOR 2011

Escola do dia: BEIJA-FLOR 2011
Categoria: Homenagem a personalidade

     
     2011 foi um ano atípico. Com o incêndio na Cidade do Samba poucas semanas antes do carnaval, 3 escolas (Grande Rio, Portela e União da Ilha) estavam fora da disputa. Acrescente-se a isso, a falta de rebaixamento. No entanto, o que não foi atípico foi a vitória da Beija-Flor. Aliás, era mais do que esperada a vitória da escola que trazia uma homenagem a nada menos do que Roberto Carlos, o "rei", e seu enredo de título "a simplicidade do rei".
     Eu, particularmente, gosto muito do desfile. Gostei da entrada super colorida da escola, do chão de sempre, do samba gostoso, da harmonia da escola, do frisson, da energia e tudo mais. Apesar das críticas aos quesitos plásticos, eu gostei. Não achei uma obra-prima, claro. Estava longe dos trabalhos que a própria escola fez num passado não tão distante assim. Mas não foi ruim e nem feio. Eu, pelo menos, gostei, ainda mais se comparado a um ano relativamente fraco nos quesitos de alegorias e fantasias (o Salgueiro jogou fora qualquer oportunidade de título com aquele atraso e a União da Ilha não disputava).
     O carisma do homenageado, a grande quantidade de artistas que vieram prestigiar o desfile, fazendo com que o público interagisse bastante, aliados à garra e chão da comunidade de Nilópolis fizeram com que a escola tivesse cara de campeã desde o início de seu desfile. Para mim, a Beija-Flor mereceu sim ser campeã. O problema foi a forma de julgamento, que passou a impressão de que, independentemente de qualquer coisa, o título já estava decidido antes mesmo de começar. A chuva de 10, especialmente nos fracos quesitos da Comissão de Frente (o que era aquilo?) e do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, além do fraco desenvolvimento do enredo, não fizeram jus ao que foi apresentado. Se a escola tivesse sido devidamente julgada, ainda sim poderia (e merecia) ter vencido. Passou uma sensação de "não precisa disso".
     De qualquer forma, a Beija-Flor homenageando o grande rei Roberto Carlos fez um grande desfile, mais um dos que marcaram a Marquês de Sapucaí.

"Meu Beija-Flor chegou a hora
De botar pra fora a felicidade
Da alegria de falar do Rei
E mostrar pro mundo essa simplicidade"


domingo, 30 de março de 2014

MANGUEIRA 1998

Escola do dia: MANGUEIRA 1998
Categoria: Homenagem a personalidade

     Em 1998, a Mangueira quebrou um jejum de 11 anos e venceu o carnaval. Consagrada por fazer desfiles memoráveis exaltando grandes personalidades, o homenageado da vez foi Chico Buarque. E o resultado não poderia ser diferente: um desfile apoteótico.
     Lembro-me perfeitamente da impressão que tive ao assistir àquele desfile. Tinha uma certeza inexplicável de que éramos campeões. Não tinha como ser diferente. O desfile foi do início ao fim uma aula de escola de samba, de energia, de samba, de harmonia, de chão.
     A começar pela histórica comissão de frente dos malandros coreografada por Carlinhos de Jesus. Fantástica. Sensacional. O chão foi espetacular. O samba, criticado por muitos, passou perfeitamente pela avenida. Até hoje eu gosto muito dele. Muito do mérito é do grande (e maior de todos) Mestre Jamelão que transformou aquele samba, sendo cantado a plenos pulmões por todos que desfilavam ou assistiam nas frisas, camarotes, arquibancadas ou de suas respectivas casas.
     O enredo não foi difícil de ser desenvolvido, afinal, Chico Buarque tem história de vida e artística que dá pra fazer uns 10 desfiles. A grande missão era, na verdade, selecionar o que iria pra avenida. Em termos plásticos, apesar da desconfiança do seu carnavalesco Louzada e da crítica de alguns, tivemos um desfile muito bonito. Apesar das alegorias não serem obras-primas, também não comprometeram. As fantasias, por sua vez, resultaram num mar verde e rosa de encher os olhos e os corações mangueirenses de orgulho.
     O ano de 1998 foi, pra mim, repleto de belíssimos desfiles. Viradouro, Beija-Flor e Imperatriz, por exemplo, também fizeram apresentações exemplares. O nível foi altíssimo. Mas, me desculpem as demais, não tinha como ser diferente. A Mangueira deu um show do início ao fim e o título era verde-e-rosa desde a primeira nota a tocar naquela avenida. Um título conquistado na garra e na emoção.

"Ô iaiá... Vem pra avenida
Pra ver "meu guri" desfilar
Ô iaiá... É a Mangueira
Fazendo o povo sambar"

sábado, 15 de março de 2014

VIRADOURO 2009

Escola do dia: VIRADOURO 2009
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2009, a Viradouro encerrou o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Seu enredo possuía o título "Vira-Bahia, Pura Energia", conduzido pelo carnavalesco Milton Cunha. Não era, novamente, um enredo necessariamente negro. No entanto, não há como falar da Bahia sem abordar a temática afro. Aliás, ao fazer esse blog percebi o quanto Milton Cunha gosta de fazer enredos nessa linha. De qualquer forma, era metade Bahia, metade energia, a soma dos dois, um pouco de cada, e lá estava o enredo da Viradouro.
       Mais ou menos. Sim, é assim que eu definiria essa apresentação da escola de Niterói. Último desfile antes do fatídico acontecimento de 2010 que resultaria na sua queda. Não diria que foi um desfile ruim. Mas não foi bom. Foi mais ou menos. Comissão de Frente? Mais ou menos (mais para 'menos'). Samba? Mais ou menos (mais para 'mais', até que eu gosto um pouco do samba). Alegorias? Mais ou menos (mais para 'mais'). Fantasias? Mais ou menos (mais para 'menos'). Evolução e harmonia? Mais ou menos. Enfim, um desfile que não marcou, mas tampouco possa-se dizer que seja ruim.
       Em 2015, teremos de volta a escola ao Grupo Especial. E que bom, hein? Dentre as grandes escolas que já desceram pro Acesso, posso dizer que esta foi a que me fez sentir mais a sua falta. E tenho certeza que ela virá pra ficar. As outras que se cuidem, pois a Viradouro vem aí...

"A Viradouro pede axé
Caô, Xangô, Iansã, Yalodé
Vira-Bahia, pura energia
Explode num canto de fé"

sexta-feira, 7 de março de 2014

IMPÉRIO DA TIJUCA 2014


Escola do dia: IMPÉRIO DA TIJUCA 2014
Categoria: Enredo de temática afro


       Em 2014, após um longo período de ausência, o Império da Tijuca retornou ao Grupo Especial. A tarefa não era das mais fáceis: abrir os desfiles na tentativa de encerrar o ciclo viciado de que a primeira escola a desfilar sempre é rebaixada e repetir (ou superar) o magnífico desfile realizado pela escola no ano anterior. E para tal missão, a escola repetiu praticamente toda a equipe vitoriosa que levou a escola à elite do carnaval carioca, mantendo, inclusive, o carnavalesco novato nos desfiles do Rio.
       E o resultado disso? Um desfile fantástico. A começar pelo seu enredo. Falar de "Batuk" tem tudo a ver com carnaval, com samba, com Rio de Janeiro. Em consequência, um belo e animado samba. Pra mim, um dos melhores da safra de 2014. Com um samba valente, um puxador excelente e uma comunidade aguerrida, o resultado não podia ser diferente: um desfile magnífico de chão.
       Na parte plástica, apesar de não ter sido nenhuma obra-prima, acredito que também não decepcionou. A comissão de frente, embora alguns a critiquem, eu gostei bastante. Fiquei bastante tempo olhando cada passo da sua coreografia. Os carros começaram bem e foram decaindo. Contrariando a opinião de alguns, eu acho que as suas alegorias foram o ponto fraco da escola. De qualquer forma, nada muito abaixo da São Clemente (sim, preferi a parte plástica da SC) e superior à Vila Isabel (o que eram aquelas alegorias e fantasias?).
       Contudo, no conjunto, somando os 10 quesitos, o Império da Tijuca fez um desfile muito longe de merecer a queda. Longe mesmo. E infelizmente, o nome da escola (que não era visto no Grupo Especial há quase 20 anos) acabou pesando. A escola caiu. Uma pena. Aquele desfile não merecia nunca as notas que levou.

"Vai tremer o chão vai tremer
É nó na madeira, segura que eu quero ver
Coisa de pele batuk ancestral
Lá vem a Sinfonia Imperial"

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

UNIÃO DA ILHA 1998


Escola do dia: UNIÃO DA ILHA 1998
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 1998, a União da Ilha do Governador trouxe para a Sapucaí o enredo “Fatumbi, a ilha de todos os santos”, desenvolvido pelo carnavalesco Milton Cunha. Confesso que não sou muito fã do estilo do Milton, no entanto, aí está um carnaval dele que eu gosto. Particularmente, eu adoro o desfile de Fatumbi.
       O enredo trata de uma homenagem que a querida Ilha prestou ao francês Pierre Fatumbi Verger Oju Obá, que possuía um coração baiano e africano. Foi um desfile belíssimo, repleto de orixás e referências às tradições negras. Gostei bastante das soluções estéticas dadas, embora mantenha minhas sinceras ressalvas quanto às fantasias do Milton (especialmente quanto à utilização dos matérias e cores que não dão um conjunto de fantasias muito bonito, embora tenha sido superior aos demais desfiles dele). Comissão de Frente legalzinha e interessante e evolução irregular são outros pontos que merecem ser mencionados.
       Contudo, o ponto alto do desfile é o seu samba. Eu sou fã desse samba. E isso deu-se muito à apresentação excepcional de seu intérprete Rixa, que em 1998 deu um show. Pena que ele não se ausentou  das escolas do Grupo Especial, pois desfiles como de 1998 demonstram que ele faz muita falta nos microfones do sambódromo. E a comunidade? Novamente, defendeu sua escola, cantou e se divertiu nesse desfile. Fez uma apresentação bastante diferente às apresentadas nos tempos mais recentes.
       Enfim, Fatumbi é um belíssimo desfile, com um enredo muito interessante, samba gostoso e que coroam o trabalho de Milton Cunha como um dos meus favoritos entre aqueles de sua autoria.

"Vem ver, vem ver a bateria arrepiar
Xirê, Sapucaí vai tremer
Pra Fatumbi Ojuobá
"

sábado, 15 de fevereiro de 2014

PORTELA 2012

  
Escola do dia: PORTELA 2012
Categoria: Enredo de temática afro.

       Novamente, inicio minha explanação com esclarecimentos de que o enredo da Portela em 2012 não era necessariamente de temática afro. Contudo, ao falar da Bahia, não tem como não abordar a cultura, religiosidade e referências negras, motivo pelo qual resolvi inserir tal desfile nessa categoria.
       A escola trouxe para a Sapucaí o enredo de título "... E o povo na rua cantando... É feito uma reza, um ritual..." desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, objetivando abordar, em especial, a religiosidade e cultura marcantes da Bahia, com destaque para as referências negras.
       Não tem como falar desse desfile sem falar do seu samba. No período de pré-carnaval, especialmente no momento da escolha dos sambas que as escolas iriam trazer para a Sapucaí, o frisson em torno do samba "Madureira sobe o Pelô" era grande. Eu evitei super estimar tal obra. Preferi aguardar o dia do desfile. Que era um samba excelente todos nós já sabíamos. Mas se era antológico, genial ou "fodástico", como muitos assim o definiam, já era outra coisa. Só o desfile poderia conceituá-lo. E eu me rendi. Em 2012, se teve um samba que me conquistou perfeitamente foi o da Portela. Fiquei rouco de tanto cantá-lo. Nossa... ao vivo, a cores, e na avenida, ele é ainda melhor do que no CD. Ali eu vi que estávamos diante de um dos melhores sambas dos últimos anos, aliás, décadas. Resultado disso? Além de um samba maravilhoso de cantar e ouvir, a escola apresentou uma comunidade inteira cantando e evoluindo quase que perfeitamente.
       E na parte plástica? Bom, eu divido a escola em duas. A primeira parte do desfile, digamos até a metade, eu gostei muito das alas e alegorias. Embora não fossem necessariamente uma obra-prima, eram de muito bom gosto. Eu particularmente gostei muito. No entanto, a segunda metade caiu muito e deixou a desejar (o que eram aqueles tripés?). De forma sintética, nada demais e nem de menos... apenas razoável e bom. Ahhh, e a Comissão de Frente? Ali vimos que o que um trambolho pode fazer para estragar uma comissão. Os movimentos, a dança, a coreografia eram muito interessantes. Só que o trambolho e a ideia de que a CF deve representar mil e uma coisas, tiraram um pouco do destaque do que tinha de melhor naquela comissão: os movimentos de seus componentes.
       Enfim, com uma plástica razoável e boa, e um chão e samba excelentes, eu achei o sexto lugar "pouco", ainda mais quando vimos Grande Rio e Beija-Flor fazerem apresentações de gosto pra lá de duvidoso (e até ruim) e sambas de medianos a fracos ficarem na frente. Coisas do carnaval...

"Madureira sobe o Pelô... tem capoeira
Na batida do tambor... samba ioiô
Rola o toque de Olodum... lá na Ribeira
A Bahia me chamou"