domingo, 30 de março de 2014

MANGUEIRA 1998

Escola do dia: MANGUEIRA 1998
Categoria: Homenagem a personalidade

     Em 1998, a Mangueira quebrou um jejum de 11 anos e venceu o carnaval. Consagrada por fazer desfiles memoráveis exaltando grandes personalidades, o homenageado da vez foi Chico Buarque. E o resultado não poderia ser diferente: um desfile apoteótico.
     Lembro-me perfeitamente da impressão que tive ao assistir àquele desfile. Tinha uma certeza inexplicável de que éramos campeões. Não tinha como ser diferente. O desfile foi do início ao fim uma aula de escola de samba, de energia, de samba, de harmonia, de chão.
     A começar pela histórica comissão de frente dos malandros coreografada por Carlinhos de Jesus. Fantástica. Sensacional. O chão foi espetacular. O samba, criticado por muitos, passou perfeitamente pela avenida. Até hoje eu gosto muito dele. Muito do mérito é do grande (e maior de todos) Mestre Jamelão que transformou aquele samba, sendo cantado a plenos pulmões por todos que desfilavam ou assistiam nas frisas, camarotes, arquibancadas ou de suas respectivas casas.
     O enredo não foi difícil de ser desenvolvido, afinal, Chico Buarque tem história de vida e artística que dá pra fazer uns 10 desfiles. A grande missão era, na verdade, selecionar o que iria pra avenida. Em termos plásticos, apesar da desconfiança do seu carnavalesco Louzada e da crítica de alguns, tivemos um desfile muito bonito. Apesar das alegorias não serem obras-primas, também não comprometeram. As fantasias, por sua vez, resultaram num mar verde e rosa de encher os olhos e os corações mangueirenses de orgulho.
     O ano de 1998 foi, pra mim, repleto de belíssimos desfiles. Viradouro, Beija-Flor e Imperatriz, por exemplo, também fizeram apresentações exemplares. O nível foi altíssimo. Mas, me desculpem as demais, não tinha como ser diferente. A Mangueira deu um show do início ao fim e o título era verde-e-rosa desde a primeira nota a tocar naquela avenida. Um título conquistado na garra e na emoção.

"Ô iaiá... Vem pra avenida
Pra ver "meu guri" desfilar
Ô iaiá... É a Mangueira
Fazendo o povo sambar"

sábado, 15 de março de 2014

VIRADOURO 2009

Escola do dia: VIRADOURO 2009
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2009, a Viradouro encerrou o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Seu enredo possuía o título "Vira-Bahia, Pura Energia", conduzido pelo carnavalesco Milton Cunha. Não era, novamente, um enredo necessariamente negro. No entanto, não há como falar da Bahia sem abordar a temática afro. Aliás, ao fazer esse blog percebi o quanto Milton Cunha gosta de fazer enredos nessa linha. De qualquer forma, era metade Bahia, metade energia, a soma dos dois, um pouco de cada, e lá estava o enredo da Viradouro.
       Mais ou menos. Sim, é assim que eu definiria essa apresentação da escola de Niterói. Último desfile antes do fatídico acontecimento de 2010 que resultaria na sua queda. Não diria que foi um desfile ruim. Mas não foi bom. Foi mais ou menos. Comissão de Frente? Mais ou menos (mais para 'menos'). Samba? Mais ou menos (mais para 'mais', até que eu gosto um pouco do samba). Alegorias? Mais ou menos (mais para 'mais'). Fantasias? Mais ou menos (mais para 'menos'). Evolução e harmonia? Mais ou menos. Enfim, um desfile que não marcou, mas tampouco possa-se dizer que seja ruim.
       Em 2015, teremos de volta a escola ao Grupo Especial. E que bom, hein? Dentre as grandes escolas que já desceram pro Acesso, posso dizer que esta foi a que me fez sentir mais a sua falta. E tenho certeza que ela virá pra ficar. As outras que se cuidem, pois a Viradouro vem aí...

"A Viradouro pede axé
Caô, Xangô, Iansã, Yalodé
Vira-Bahia, pura energia
Explode num canto de fé"

sexta-feira, 7 de março de 2014

IMPÉRIO DA TIJUCA 2014


Escola do dia: IMPÉRIO DA TIJUCA 2014
Categoria: Enredo de temática afro


       Em 2014, após um longo período de ausência, o Império da Tijuca retornou ao Grupo Especial. A tarefa não era das mais fáceis: abrir os desfiles na tentativa de encerrar o ciclo viciado de que a primeira escola a desfilar sempre é rebaixada e repetir (ou superar) o magnífico desfile realizado pela escola no ano anterior. E para tal missão, a escola repetiu praticamente toda a equipe vitoriosa que levou a escola à elite do carnaval carioca, mantendo, inclusive, o carnavalesco novato nos desfiles do Rio.
       E o resultado disso? Um desfile fantástico. A começar pelo seu enredo. Falar de "Batuk" tem tudo a ver com carnaval, com samba, com Rio de Janeiro. Em consequência, um belo e animado samba. Pra mim, um dos melhores da safra de 2014. Com um samba valente, um puxador excelente e uma comunidade aguerrida, o resultado não podia ser diferente: um desfile magnífico de chão.
       Na parte plástica, apesar de não ter sido nenhuma obra-prima, acredito que também não decepcionou. A comissão de frente, embora alguns a critiquem, eu gostei bastante. Fiquei bastante tempo olhando cada passo da sua coreografia. Os carros começaram bem e foram decaindo. Contrariando a opinião de alguns, eu acho que as suas alegorias foram o ponto fraco da escola. De qualquer forma, nada muito abaixo da São Clemente (sim, preferi a parte plástica da SC) e superior à Vila Isabel (o que eram aquelas alegorias e fantasias?).
       Contudo, no conjunto, somando os 10 quesitos, o Império da Tijuca fez um desfile muito longe de merecer a queda. Longe mesmo. E infelizmente, o nome da escola (que não era visto no Grupo Especial há quase 20 anos) acabou pesando. A escola caiu. Uma pena. Aquele desfile não merecia nunca as notas que levou.

"Vai tremer o chão vai tremer
É nó na madeira, segura que eu quero ver
Coisa de pele batuk ancestral
Lá vem a Sinfonia Imperial"