domingo, 20 de outubro de 2013

MOCIDADE 1997


Escola do Dia: MOCIDADE 1997
Categoria: "Deu show mas não ganhou"

             Quem me conhece sabe o carinho que eu tenho pela escola de Padre Miguel. Na década de 90, quando comecei a acompanhar os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, além da minha eterna Mangueira, a escola que mais me fazia aguardar seu desfile era a Mocidade. E o desfile de 1997 foi um desses que mais me marcaram (entre tantos da escola daquela era).
         A Mocidade vinha de um campeonato disputadíssimo no ano anterior. Trazia a responsabilidade de tentar se superar, afinal era a "atual" campeã. E, pra mim, conseguiu sim superior tal feito. O desfile de 1997 foi ainda melhor do que o de 1996. 
              A começar pelo samba lindo. O enredo que falava sobre o corpo humano poderia soar burocrático ou uma aula de "ciências". Mas não foi bem isso o que se viu. O samba, perfeito em letra e melodia, conseguiu imprimir poesia em cada verso que falava de uma forma específica ou genérica sobre o corpo humano. Alegorias e Fantasias mostraram porque o Renato Lage é gênio. Sem falar do enredo, que como disse antes, foi uma aula de bom gosto. 
             Adoro esse desfile, e lamento até hoje a escola não ter vencido naquele ano. Ela ficou atrás no quesito harmonia. É comum vermos escolas não conseguirem terminar sua apresentação nos 80 minutos, sendo obrigadas a correr ao final para não perder pontos. Aqui foi diferente. Ela estava tão preocupada em não atrasar que se adiantou. Acabou o desfile antes do tempo e foi obrigada a ficar um bom tempo parada no final para dar o tempo mínimo. Um excesso de prudência que lhe valeu o caneco. Pena. Em 1997, a Mocidade deu show mas não ganhou.

"Saúde e harmonia
Prazer de viver
Vou virar pelo avesso
Teu avesso eu quero ver"

domingo, 6 de outubro de 2013

TIJUCA 2005


Escola do Dia: UNIDOS DA TIJUCA 2005
Categoria: "Deu show mas não ganhou"

         O desfile de 2005 deve ser visto com o olhar de seu tempo (na verdade, esta máxima se aplica a tudo). Por que estou falando isso? Fui rever o desfile da Tijuca de 2005 e a impressão que tive foi de "nada demais". No entanto, só tive esta percepção porque hoje estamos totalmente acostumados ao estilo do Paulo Barros. Assim, ver "carros humanos" e portas se abrindo e fechando, nos dias de hoje, não geram mais impacto. Virou "lugar comum". Contudo, é preciso enxergar o desfile de 2005 a partir de uma perspectiva de sua época.
         Aquele ano foi o da minha estréia na Sapucaí. Estava super ansioso pra ver o desfile da Mangueira, minha escola de coração. Contudo, a escola que mais me marcou foi a Unidos da Tijuca. Sem sombra de dúvidas, pra mim, era a escola do Borel que sairia campeã. Hoje, aquele desfile pode até parecer "só mais um". Mas na época, aquilo foi um desfile surpreendente e inesquecível. 
          Era a segunda vez de Paulo Barros no Grupo Especial. Em 2004 ele estreiou com o vice-campeonato. Estavam todos aguardando a "sensação do momento". E ele não desapontou. Suas alegorias, enredo e fantasisas, confirmaram o seu estilo que mudaria os rumos do carnaval carioca. Com o enredo falando sobre o mundo da imaginação, a escola trouxe seu "pavão-humano" no abre-alas, além de criativas alegorias do Homem-de-Lata do Mágico de Oz, feito inteiramente de panelas, além de carros como o Planeta dos Macacos, o da Atlântida, que flutuava na avenida, e o dos Dráculas com seus caixões que abriam e fechavam. Fantasias auto-explicativas, como o exército de cartas de baralho da  Rainha de Copas, de Alice no País das Maravilhas deram a tônica do desfile. O resultado disso foi o final da Marquês da Sapucaí ao delírio. O engraçado é que pela TV não dá pra sentir nem 5% da emoção que foi o desfile ao vivo. Era Paulo Barros começando a fazer história e deixar seu nome marcado no carnaval. Ah, como não falar do samba? Era o meu favorito do ano.
        Em 2005, a Unidos da Tijuca foi vice-campeã por apenas 1 décimo. Apesar de ter perdido o campeonato, demonstrou que o ano anterior não foi um ponto fora da curva. A escola estava definitivamente se firmando entre as grandes. Tanto que 5 anos depois venceria por outras 2 ocasiões. Deu show, mas não ganhou.

"Entrei por um lado, sai pelo outro a cantar.
E quem quiser invente outro lugar.
O meu paraíso, local mais perfeito não há
Faço do Borel a Shangri-Lá"