sábado, 3 de maio de 2014

IMPÉRIO SERRANO 2002

Escola do Dia: IMPÉRIO SERRANO 2002
Categoria: Homenagem a personalidade

       Em 2002, o Império Serrano trouxe para a avenida o enredo de título "Aclamação e Coroação do Imperador da Pedra do Reino: Ariano Suassuna". Não foi uma simples homenagem a um dos maiores escritores do nosso país. O enredo foi além. Foi ao mesmo tempo histórico, cultural e folclórico. O carnavalesco Ernesto Nascimento fugiu da linha biográfica e fez uma homenagem a Ariano Suassuna a partir de uma de suas principais obras, o romance "A Pedra do Reino".
       Eu, particularmente, adoro esse desfile. Não só pelo fato de ser nordestino e fã do Ariano, mas pela própria condução do enredo e do desfile que a comunidade da Serrinha nos proporcionou. Esteticamente, apesar de ser não ser um escola farta de recursos financeiros e da falta de luxo, mostrou-se que a criatividade é ainda o maior atributo para um carnavalesco. Aliás, demonstrar a cultura nordestina em meio ao luxo nem combina, né? Soluções bastante interessantes para narrar um pouco de sua obra, um pouco do Nordeste e um pouco do homenageado. Gosto, especialmente, da segunda metade do desfile, em que as alegorias e fantasias possuíam uma acabamento um pouco mais aprimorado.
       No chão, o que falar do Império? São nesses momentos em que sinto mais falta de sua comunidade no Grupo Especial. O belo samba e uma comunidade cantando e evoluindo muito bem foram outros pontos altos. E a bateria? Esse é um quesito que não me arrisco a palpitar. Sei pouco ou quase nada de bateria. No entanto, mesmo sem saber nada, sei que  adoro ouvir a bateria do Império. Sério mesmo. Tem algo diferente ali que me fascina. Tirando a minha escola, claro, a bateria que mais gosto de ouvir é a do Império, que em 2002 também me proporcionou momentos marcantes.
       Assim, posso dizer que o Império nos trouxe um belo desfile em 2002, mostrando que é uma escola grande (ou seria gigante?) que mesmo com tantos problemas a serem solucionados, sua falta no Especial é um buraco enorme não preenchido. Volta, Império. Volta!!!

"Hoje o Império é a voz da razão
Onde reina a paz e a união
E é muito mais que uma paixão

Sou imperador... Lá do sertão"


domingo, 6 de abril de 2014

BEIJA-FLOR 2011

Escola do dia: BEIJA-FLOR 2011
Categoria: Homenagem a personalidade

     
     2011 foi um ano atípico. Com o incêndio na Cidade do Samba poucas semanas antes do carnaval, 3 escolas (Grande Rio, Portela e União da Ilha) estavam fora da disputa. Acrescente-se a isso, a falta de rebaixamento. No entanto, o que não foi atípico foi a vitória da Beija-Flor. Aliás, era mais do que esperada a vitória da escola que trazia uma homenagem a nada menos do que Roberto Carlos, o "rei", e seu enredo de título "a simplicidade do rei".
     Eu, particularmente, gosto muito do desfile. Gostei da entrada super colorida da escola, do chão de sempre, do samba gostoso, da harmonia da escola, do frisson, da energia e tudo mais. Apesar das críticas aos quesitos plásticos, eu gostei. Não achei uma obra-prima, claro. Estava longe dos trabalhos que a própria escola fez num passado não tão distante assim. Mas não foi ruim e nem feio. Eu, pelo menos, gostei, ainda mais se comparado a um ano relativamente fraco nos quesitos de alegorias e fantasias (o Salgueiro jogou fora qualquer oportunidade de título com aquele atraso e a União da Ilha não disputava).
     O carisma do homenageado, a grande quantidade de artistas que vieram prestigiar o desfile, fazendo com que o público interagisse bastante, aliados à garra e chão da comunidade de Nilópolis fizeram com que a escola tivesse cara de campeã desde o início de seu desfile. Para mim, a Beija-Flor mereceu sim ser campeã. O problema foi a forma de julgamento, que passou a impressão de que, independentemente de qualquer coisa, o título já estava decidido antes mesmo de começar. A chuva de 10, especialmente nos fracos quesitos da Comissão de Frente (o que era aquilo?) e do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, além do fraco desenvolvimento do enredo, não fizeram jus ao que foi apresentado. Se a escola tivesse sido devidamente julgada, ainda sim poderia (e merecia) ter vencido. Passou uma sensação de "não precisa disso".
     De qualquer forma, a Beija-Flor homenageando o grande rei Roberto Carlos fez um grande desfile, mais um dos que marcaram a Marquês de Sapucaí.

"Meu Beija-Flor chegou a hora
De botar pra fora a felicidade
Da alegria de falar do Rei
E mostrar pro mundo essa simplicidade"


domingo, 30 de março de 2014

MANGUEIRA 1998

Escola do dia: MANGUEIRA 1998
Categoria: Homenagem a personalidade

     Em 1998, a Mangueira quebrou um jejum de 11 anos e venceu o carnaval. Consagrada por fazer desfiles memoráveis exaltando grandes personalidades, o homenageado da vez foi Chico Buarque. E o resultado não poderia ser diferente: um desfile apoteótico.
     Lembro-me perfeitamente da impressão que tive ao assistir àquele desfile. Tinha uma certeza inexplicável de que éramos campeões. Não tinha como ser diferente. O desfile foi do início ao fim uma aula de escola de samba, de energia, de samba, de harmonia, de chão.
     A começar pela histórica comissão de frente dos malandros coreografada por Carlinhos de Jesus. Fantástica. Sensacional. O chão foi espetacular. O samba, criticado por muitos, passou perfeitamente pela avenida. Até hoje eu gosto muito dele. Muito do mérito é do grande (e maior de todos) Mestre Jamelão que transformou aquele samba, sendo cantado a plenos pulmões por todos que desfilavam ou assistiam nas frisas, camarotes, arquibancadas ou de suas respectivas casas.
     O enredo não foi difícil de ser desenvolvido, afinal, Chico Buarque tem história de vida e artística que dá pra fazer uns 10 desfiles. A grande missão era, na verdade, selecionar o que iria pra avenida. Em termos plásticos, apesar da desconfiança do seu carnavalesco Louzada e da crítica de alguns, tivemos um desfile muito bonito. Apesar das alegorias não serem obras-primas, também não comprometeram. As fantasias, por sua vez, resultaram num mar verde e rosa de encher os olhos e os corações mangueirenses de orgulho.
     O ano de 1998 foi, pra mim, repleto de belíssimos desfiles. Viradouro, Beija-Flor e Imperatriz, por exemplo, também fizeram apresentações exemplares. O nível foi altíssimo. Mas, me desculpem as demais, não tinha como ser diferente. A Mangueira deu um show do início ao fim e o título era verde-e-rosa desde a primeira nota a tocar naquela avenida. Um título conquistado na garra e na emoção.

"Ô iaiá... Vem pra avenida
Pra ver "meu guri" desfilar
Ô iaiá... É a Mangueira
Fazendo o povo sambar"

sábado, 15 de março de 2014

VIRADOURO 2009

Escola do dia: VIRADOURO 2009
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2009, a Viradouro encerrou o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Seu enredo possuía o título "Vira-Bahia, Pura Energia", conduzido pelo carnavalesco Milton Cunha. Não era, novamente, um enredo necessariamente negro. No entanto, não há como falar da Bahia sem abordar a temática afro. Aliás, ao fazer esse blog percebi o quanto Milton Cunha gosta de fazer enredos nessa linha. De qualquer forma, era metade Bahia, metade energia, a soma dos dois, um pouco de cada, e lá estava o enredo da Viradouro.
       Mais ou menos. Sim, é assim que eu definiria essa apresentação da escola de Niterói. Último desfile antes do fatídico acontecimento de 2010 que resultaria na sua queda. Não diria que foi um desfile ruim. Mas não foi bom. Foi mais ou menos. Comissão de Frente? Mais ou menos (mais para 'menos'). Samba? Mais ou menos (mais para 'mais', até que eu gosto um pouco do samba). Alegorias? Mais ou menos (mais para 'mais'). Fantasias? Mais ou menos (mais para 'menos'). Evolução e harmonia? Mais ou menos. Enfim, um desfile que não marcou, mas tampouco possa-se dizer que seja ruim.
       Em 2015, teremos de volta a escola ao Grupo Especial. E que bom, hein? Dentre as grandes escolas que já desceram pro Acesso, posso dizer que esta foi a que me fez sentir mais a sua falta. E tenho certeza que ela virá pra ficar. As outras que se cuidem, pois a Viradouro vem aí...

"A Viradouro pede axé
Caô, Xangô, Iansã, Yalodé
Vira-Bahia, pura energia
Explode num canto de fé"

sexta-feira, 7 de março de 2014

IMPÉRIO DA TIJUCA 2014


Escola do dia: IMPÉRIO DA TIJUCA 2014
Categoria: Enredo de temática afro


       Em 2014, após um longo período de ausência, o Império da Tijuca retornou ao Grupo Especial. A tarefa não era das mais fáceis: abrir os desfiles na tentativa de encerrar o ciclo viciado de que a primeira escola a desfilar sempre é rebaixada e repetir (ou superar) o magnífico desfile realizado pela escola no ano anterior. E para tal missão, a escola repetiu praticamente toda a equipe vitoriosa que levou a escola à elite do carnaval carioca, mantendo, inclusive, o carnavalesco novato nos desfiles do Rio.
       E o resultado disso? Um desfile fantástico. A começar pelo seu enredo. Falar de "Batuk" tem tudo a ver com carnaval, com samba, com Rio de Janeiro. Em consequência, um belo e animado samba. Pra mim, um dos melhores da safra de 2014. Com um samba valente, um puxador excelente e uma comunidade aguerrida, o resultado não podia ser diferente: um desfile magnífico de chão.
       Na parte plástica, apesar de não ter sido nenhuma obra-prima, acredito que também não decepcionou. A comissão de frente, embora alguns a critiquem, eu gostei bastante. Fiquei bastante tempo olhando cada passo da sua coreografia. Os carros começaram bem e foram decaindo. Contrariando a opinião de alguns, eu acho que as suas alegorias foram o ponto fraco da escola. De qualquer forma, nada muito abaixo da São Clemente (sim, preferi a parte plástica da SC) e superior à Vila Isabel (o que eram aquelas alegorias e fantasias?).
       Contudo, no conjunto, somando os 10 quesitos, o Império da Tijuca fez um desfile muito longe de merecer a queda. Longe mesmo. E infelizmente, o nome da escola (que não era visto no Grupo Especial há quase 20 anos) acabou pesando. A escola caiu. Uma pena. Aquele desfile não merecia nunca as notas que levou.

"Vai tremer o chão vai tremer
É nó na madeira, segura que eu quero ver
Coisa de pele batuk ancestral
Lá vem a Sinfonia Imperial"

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

UNIÃO DA ILHA 1998


Escola do dia: UNIÃO DA ILHA 1998
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 1998, a União da Ilha do Governador trouxe para a Sapucaí o enredo “Fatumbi, a ilha de todos os santos”, desenvolvido pelo carnavalesco Milton Cunha. Confesso que não sou muito fã do estilo do Milton, no entanto, aí está um carnaval dele que eu gosto. Particularmente, eu adoro o desfile de Fatumbi.
       O enredo trata de uma homenagem que a querida Ilha prestou ao francês Pierre Fatumbi Verger Oju Obá, que possuía um coração baiano e africano. Foi um desfile belíssimo, repleto de orixás e referências às tradições negras. Gostei bastante das soluções estéticas dadas, embora mantenha minhas sinceras ressalvas quanto às fantasias do Milton (especialmente quanto à utilização dos matérias e cores que não dão um conjunto de fantasias muito bonito, embora tenha sido superior aos demais desfiles dele). Comissão de Frente legalzinha e interessante e evolução irregular são outros pontos que merecem ser mencionados.
       Contudo, o ponto alto do desfile é o seu samba. Eu sou fã desse samba. E isso deu-se muito à apresentação excepcional de seu intérprete Rixa, que em 1998 deu um show. Pena que ele não se ausentou  das escolas do Grupo Especial, pois desfiles como de 1998 demonstram que ele faz muita falta nos microfones do sambódromo. E a comunidade? Novamente, defendeu sua escola, cantou e se divertiu nesse desfile. Fez uma apresentação bastante diferente às apresentadas nos tempos mais recentes.
       Enfim, Fatumbi é um belíssimo desfile, com um enredo muito interessante, samba gostoso e que coroam o trabalho de Milton Cunha como um dos meus favoritos entre aqueles de sua autoria.

"Vem ver, vem ver a bateria arrepiar
Xirê, Sapucaí vai tremer
Pra Fatumbi Ojuobá
"

sábado, 15 de fevereiro de 2014

PORTELA 2012

  
Escola do dia: PORTELA 2012
Categoria: Enredo de temática afro.

       Novamente, inicio minha explanação com esclarecimentos de que o enredo da Portela em 2012 não era necessariamente de temática afro. Contudo, ao falar da Bahia, não tem como não abordar a cultura, religiosidade e referências negras, motivo pelo qual resolvi inserir tal desfile nessa categoria.
       A escola trouxe para a Sapucaí o enredo de título "... E o povo na rua cantando... É feito uma reza, um ritual..." desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, objetivando abordar, em especial, a religiosidade e cultura marcantes da Bahia, com destaque para as referências negras.
       Não tem como falar desse desfile sem falar do seu samba. No período de pré-carnaval, especialmente no momento da escolha dos sambas que as escolas iriam trazer para a Sapucaí, o frisson em torno do samba "Madureira sobe o Pelô" era grande. Eu evitei super estimar tal obra. Preferi aguardar o dia do desfile. Que era um samba excelente todos nós já sabíamos. Mas se era antológico, genial ou "fodástico", como muitos assim o definiam, já era outra coisa. Só o desfile poderia conceituá-lo. E eu me rendi. Em 2012, se teve um samba que me conquistou perfeitamente foi o da Portela. Fiquei rouco de tanto cantá-lo. Nossa... ao vivo, a cores, e na avenida, ele é ainda melhor do que no CD. Ali eu vi que estávamos diante de um dos melhores sambas dos últimos anos, aliás, décadas. Resultado disso? Além de um samba maravilhoso de cantar e ouvir, a escola apresentou uma comunidade inteira cantando e evoluindo quase que perfeitamente.
       E na parte plástica? Bom, eu divido a escola em duas. A primeira parte do desfile, digamos até a metade, eu gostei muito das alas e alegorias. Embora não fossem necessariamente uma obra-prima, eram de muito bom gosto. Eu particularmente gostei muito. No entanto, a segunda metade caiu muito e deixou a desejar (o que eram aqueles tripés?). De forma sintética, nada demais e nem de menos... apenas razoável e bom. Ahhh, e a Comissão de Frente? Ali vimos que o que um trambolho pode fazer para estragar uma comissão. Os movimentos, a dança, a coreografia eram muito interessantes. Só que o trambolho e a ideia de que a CF deve representar mil e uma coisas, tiraram um pouco do destaque do que tinha de melhor naquela comissão: os movimentos de seus componentes.
       Enfim, com uma plástica razoável e boa, e um chão e samba excelentes, eu achei o sexto lugar "pouco", ainda mais quando vimos Grande Rio e Beija-Flor fazerem apresentações de gosto pra lá de duvidoso (e até ruim) e sambas de medianos a fracos ficarem na frente. Coisas do carnaval...

"Madureira sobe o Pelô... tem capoeira
Na batida do tambor... samba ioiô
Rola o toque de Olodum... lá na Ribeira
A Bahia me chamou"

sábado, 1 de fevereiro de 2014

SALGUEIRO 2009


Escola do dia: SALGUEIRO 2009
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2009, a escola Acadêmicos do Salgueiro trouxe para a avenida o enredo de título "Tambor". Antes, é preciso deixar claro que o enredo não era necessariamente de temática afro, uma vez que vimos várias outras referências ao Tambor que não estavam diretamente ligadas à cultura negra, tais como o boi-bumbá ou ainda a cultura nordestina. No entanto, optei por incluí-lo nessa categoria, diante do grande volume de referências à cultura afro presentes no desfile.
       Me lembro perfeitamente da sensação que tive ao ver o TAMBOR passar pela Sapucaí. Estava no Setor 3 das arquibancadas, quando o Salgueiro entrou com um pressão e força indescritíveis. Foi uma energia que se espalhou rapidamente. Sabe aquela sensação de campeã logo na entrada da escola? Foi isso que senti. Em 15 minutos de desfile, parecia que já sabia que o Salgueiro sairia dali campeão. A não ser que erros o impedissem de alcançar tal feito. E pior é que acabou acontecendo! Os primeiros carros tiveram problemas para entrar, com atrasos e abertura de buracos. O pensamento era esse: "não é possível!". Contudo, o desfile foi tão, tão, tão bom que mesmo assim o Salgueiro foi campeão em 2009 (e com méritos!).
        Uma comissão de frente coerente e bem interessante, um desenvolvimento de enredo de gênio conduzido por Renato Lage, por meio de suas alegorias fantásticas (eu, particularmente, adoro a segunda, que retrata o Tambor nos primórdios da humanidade, criado a partir do couro de animais, e o carro que retrata a cultura nordestina) e fantasias perfeitas (o cara é foda!). Ele, pra mim, é simplesmente o número 1 entre todos os carnavalescos que tive o prazer de acompanhar.
      O samba fraco não comprometeu e funcionou perfeitamente bem. Erros de evolução e harmonia não foram suficientes pra diminuir o desfile do Salgueiro, que sobrou em 2009. O ponto alto da apresentação, pra mim, entretanto,  foi a energia, o frisson, a batida do Tambor que só deu pra sentir quem estava lá. A TV, infelizmente, não consegue transmitir com perfeição essas abstrações. Uma pena. Seria muito bom sentir novamente o arrepio do Tambor...

"Vem no tambor da Academia
Que a Furiosa bateria vai te arrepiar!
Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro
Salve o Mestre do Salgueiro"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

CAPRICHOSOS 1998


Escola do dia: CAPRICHOSOS DE PILARES 1998
Categoria: Enredo de temática afro

     Em 1998, a escola Caprichosos de Pilares, famosa por seus enredos irreverentes, trouxe para a Sapucaí o enredo "Negra origem, Negro Pelé, Negra Bené", narrando uma homenagem à cultura e povos negros, exemplificados nas figuras de Pelé, Benedita da Silva e Nelson Mandela.
     Trazer para avenida enredos de temática afro é garantia de sucesso? Não. Poderia ter sido um desfile magnífico (em partes, até foi, uma vez que a comunidade abraçou o enredo e o samba de uma forma a demonstrar que ela se viu representada no desfile), contudo, pra mim, o enredo foi o quesito mais falho do desfile. Por que disso? A única coisa que dava pra saber era que a escola estava falando da "raça negra" (expressão que caiu em desuso, mas que foi utilizada pela escola para definir sua temática). O que exatamente disso ela estava abordando? Não deu pra saber. O desfile não teve um fio condutor, uma lógica, uma coerência interna (ainda que de licença poética). Foram simplesmente jogadas várias alas e alegorias que teriam alguma conexão com o tema "negro" sem se interconectarem entre si. Sem falar que os dois principais homenageados na festa nem compareceram ao desfile. No caso da Benedita da Silva, a situação foi ainda pior, visto que a ela foi destinada tão somente uma escultura (mal-feita) de um último carro. Ou seja, ela era quase um detalhe de um desfile que pretendia algo mais.
      Aliados a isso, podemos acrescentar as alegorias fracas (não consigo compreender como tem carnavalescos que não aprenderam ainda que o Abre-Alas é o carro principal, o mais exposto, o 'cartão de visitas' das escola) e fantasias de gosto duvidoso. 
         Nos quesitos de chão tivemos o contraste de erros graves de evolução e uma escola aguerrida cantando o samba que, apesar de não ser uma obra-prima, me agrada bastante e fluiu muito bem na Sapucaí, fazendo de sua comunidade o ponto alto do desfile. 
       Apesar das irregularidades do desfile, a posição final não foi das piores, uma vez que, pra mim, Porto da Pedra e Tradição fizeram apresentações piores. Confesso que, apesar de tudo isso, sinto muita falta da escola no Grupo Especial. Sempre tive uma simpatia enorme pela Caprichosos e estou torcendo muito pela sua reerguida.

"Quem tem magia no pé
É Pelé
Quem vem na força da fé
É Mandela
A voz que veio de lá
Da favela
É da guerreira Bené
Salve ela"

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

UNIDOS DA TIJUCA 2003

Escola do dia: UNIDOS DA TIJUCA 2003
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2003, a Unidos da Tijuca trouxe para a Sapucaí o enredo "Agudás: os que levaram a África no coração e trouxeram para o coração da África, o Brasil!" ao contar a história de negros africanos que após serem escravizados e trazidos ao Brasil, acabaram voltando ao continente africano levando um pouco de nossa cultura para aquele continente.
       A escola tinha como grande trunfo para o desfile o seu belíssimo samba. No entanto, eu acho que este não foi devidamente conduzido pelo competente intérprete Nêgo. O andamento acelerado e a condução do samba em que mal se entendia o que se estava sendo cantado comprometeram a harmonia. Apesar disso, o samba acabou sendo o ponto forte do desfile. Na evolução, buracos, carros quebrados, componentes despencando de alegorias, falta de uniformização no andamento da escola e por ai vai.
       Quanto ao aspecto plástico, reafirmo que não sou muito fã do trabalho do irreverente Milton Cunha. Algumas alegorias eram até interessantes, mas o que me destacou foi uma confusão de formas, cores e materiais. Algumas eram até "feias", outras "indecifráveis". Ah, sem falar que uma delas simplesmente quebrou e não entrou no desfile. As fantasias também não me agradavam (aliás, menos ainda do que as alegorias). Não gostei de muita coisa ali. Desenhos confusos, cores mal escolhidas e falta de coesão, além de materiais de gosto duvidoso. Ponto positivo para a Comissão de Frente, que apesar de simples e sem grandes impactos, foi bem conduzida e não comprometeu.
        Enfim, em 2003 vimos um desfile bastante irregular da escola do Borel, que se despedia naquele ano do grupo das que figuravam na "meiuca" ou "lutam para não cair" e passaria a integrar o seleto grupo de ponta que ano após ano iria disputar carnaval, tendo consagrando-se campeã em 2010 e 2012.

"Tem cheiro de benjoim no xirê alabê
Prepare o acarajé no dendê
Salve o Chachá, salve toda negritude
A Tijuca vem contar uma história de atitude".

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TRADIÇÃO 2000


Escola do dia: TRADIÇÃO 2000
Categoria: Enredo de temática afro

       O desfile da Tradição no ano 2000 foi uma aula dos quesitos de carnaval. Uma aula do que não se deve fazer. Foi um exemplo de como desperdiçar um enredo belíssimo e um trabalho plástico até razoável diante um desfile pra lá de bagunçado.
       A escola trouxe o enredo "Liberdade! Sou negro, raça e tradição" ao contar a história e influência da cultura negra na construção do Brasil, enfocando os séculos XVI a XIX. No entanto, como dito anteriormente, o desfile conseguiu jogar pelo ralo esse belíssimo enredo.
       De início uma comissão de frente sem graça e sem impacto nenhum, que optou por distribuir seus componentes numa área muito grande, perdendo o aspecto de unidade e coesão de sua coreografia. Tirando o lastimável carro abre-alas (aliás, o que era aquilo?), o conjunto alegórico da escola foi até razoável com algumas boas idéias, como carro do Valongo, do navio negreiro e da cultura negra. No entanto, os graves erros de acabamento (e repito, o horroroso abre-alas) comprometeram esse quesito. Fantasias sem vida e sem primor.
       Contudo, o grande equívoco do desfile foi encontrado nos quesitos de chão. A escola estava excessivamente coreografada. Não me lembro de ter visto outro desfile com mais alas de passo marcado do que este da Tradição. As primeiras alas "livres" só foram aparecer lá pelo quarto setor do desfile. Além disso, podemos destacar os buracos abertos (vários, diga-se de passagem) e a correria (quase estoura o tempo máximo de apresentação). Quanto à evolução e harmonia, podemos afirmar: foi um desastre. Ninguém cantou, ninguém sambou, ninguém evoluiu. O samba? Razoável. Nem o melhor e nem o pior. E para não dizermos que tudo deu errado, devemos destacar a fantástica apresentação (e belíssima fantasia) do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira.
        Em 2000, a Tradição saiu no lucro com aquele 12o lugar, afinal, com um desfile tão irregular, merecia sim ter visitado o grupo de Acesso.


"Liberdade
Sou negro, raça e tradição
Vim de Angola da minha mãe África
Num navio negreiro clamando por Zambi"

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

RETROSPECTIVA 2013 - RANKING DE ACESSOS


                   2013 passou e o carnaval de 2014 está cada vez mais próximo. O blog Estação de Samba, criado em 21 de julho de 2013, completou seus primeiros 5 meses e meio com 23 postagens e 1814 acessos. Como retrospectiva desse primeiro ano do blog, fiz um ranking de acessos das postagens das duas primeiras categorias "Campeã" e "Deu show mas não ganhou".
                  Que em 2014 possamos compartilhar ainda mais as experiências e impressões que tivemos ao longo dos últimos anos dos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
                  Veja abaixo o ranking de acessos:

Categoria: Campeã
1. Imperatriz 1995 - 17,34%
2. Mangueira 2002 - 12,92%
3. Vila Isabel 2013 - 11,90%
4. Viradouro 1997 - 11,22%
5. Unidos da Tijuca 2010 - 11,22%
6. Salgueiro 1993 - 10,54%
7. Mocidade 1996 - 9,18%
8. Beija-Flor 2007 - 8,16%
9. Estácio de Sá 1992 - 7,48%

Categoria: "Deu show mas não ganhou"

1. Vila Isabel 2012  - 15,42%
2. Mangueira 2003 - 14,01%
3. Salgueiro 2007 - 12,61%
4. Mocidade 1997 - 10,28%
5. Beija-Flor 2001 - 10,28%
6. Portela 1995 - 10,28%
7. Unidos da Tijuca 2005 - 9,81%
8. Imperatriz 1996 - 9,81%
9. União da Ilha 2011 - 7,47%