sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

UNIÃO DA ILHA 1998


Escola do dia: UNIÃO DA ILHA 1998
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 1998, a União da Ilha do Governador trouxe para a Sapucaí o enredo “Fatumbi, a ilha de todos os santos”, desenvolvido pelo carnavalesco Milton Cunha. Confesso que não sou muito fã do estilo do Milton, no entanto, aí está um carnaval dele que eu gosto. Particularmente, eu adoro o desfile de Fatumbi.
       O enredo trata de uma homenagem que a querida Ilha prestou ao francês Pierre Fatumbi Verger Oju Obá, que possuía um coração baiano e africano. Foi um desfile belíssimo, repleto de orixás e referências às tradições negras. Gostei bastante das soluções estéticas dadas, embora mantenha minhas sinceras ressalvas quanto às fantasias do Milton (especialmente quanto à utilização dos matérias e cores que não dão um conjunto de fantasias muito bonito, embora tenha sido superior aos demais desfiles dele). Comissão de Frente legalzinha e interessante e evolução irregular são outros pontos que merecem ser mencionados.
       Contudo, o ponto alto do desfile é o seu samba. Eu sou fã desse samba. E isso deu-se muito à apresentação excepcional de seu intérprete Rixa, que em 1998 deu um show. Pena que ele não se ausentou  das escolas do Grupo Especial, pois desfiles como de 1998 demonstram que ele faz muita falta nos microfones do sambódromo. E a comunidade? Novamente, defendeu sua escola, cantou e se divertiu nesse desfile. Fez uma apresentação bastante diferente às apresentadas nos tempos mais recentes.
       Enfim, Fatumbi é um belíssimo desfile, com um enredo muito interessante, samba gostoso e que coroam o trabalho de Milton Cunha como um dos meus favoritos entre aqueles de sua autoria.

"Vem ver, vem ver a bateria arrepiar
Xirê, Sapucaí vai tremer
Pra Fatumbi Ojuobá
"

sábado, 15 de fevereiro de 2014

PORTELA 2012

  
Escola do dia: PORTELA 2012
Categoria: Enredo de temática afro.

       Novamente, inicio minha explanação com esclarecimentos de que o enredo da Portela em 2012 não era necessariamente de temática afro. Contudo, ao falar da Bahia, não tem como não abordar a cultura, religiosidade e referências negras, motivo pelo qual resolvi inserir tal desfile nessa categoria.
       A escola trouxe para a Sapucaí o enredo de título "... E o povo na rua cantando... É feito uma reza, um ritual..." desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, objetivando abordar, em especial, a religiosidade e cultura marcantes da Bahia, com destaque para as referências negras.
       Não tem como falar desse desfile sem falar do seu samba. No período de pré-carnaval, especialmente no momento da escolha dos sambas que as escolas iriam trazer para a Sapucaí, o frisson em torno do samba "Madureira sobe o Pelô" era grande. Eu evitei super estimar tal obra. Preferi aguardar o dia do desfile. Que era um samba excelente todos nós já sabíamos. Mas se era antológico, genial ou "fodástico", como muitos assim o definiam, já era outra coisa. Só o desfile poderia conceituá-lo. E eu me rendi. Em 2012, se teve um samba que me conquistou perfeitamente foi o da Portela. Fiquei rouco de tanto cantá-lo. Nossa... ao vivo, a cores, e na avenida, ele é ainda melhor do que no CD. Ali eu vi que estávamos diante de um dos melhores sambas dos últimos anos, aliás, décadas. Resultado disso? Além de um samba maravilhoso de cantar e ouvir, a escola apresentou uma comunidade inteira cantando e evoluindo quase que perfeitamente.
       E na parte plástica? Bom, eu divido a escola em duas. A primeira parte do desfile, digamos até a metade, eu gostei muito das alas e alegorias. Embora não fossem necessariamente uma obra-prima, eram de muito bom gosto. Eu particularmente gostei muito. No entanto, a segunda metade caiu muito e deixou a desejar (o que eram aqueles tripés?). De forma sintética, nada demais e nem de menos... apenas razoável e bom. Ahhh, e a Comissão de Frente? Ali vimos que o que um trambolho pode fazer para estragar uma comissão. Os movimentos, a dança, a coreografia eram muito interessantes. Só que o trambolho e a ideia de que a CF deve representar mil e uma coisas, tiraram um pouco do destaque do que tinha de melhor naquela comissão: os movimentos de seus componentes.
       Enfim, com uma plástica razoável e boa, e um chão e samba excelentes, eu achei o sexto lugar "pouco", ainda mais quando vimos Grande Rio e Beija-Flor fazerem apresentações de gosto pra lá de duvidoso (e até ruim) e sambas de medianos a fracos ficarem na frente. Coisas do carnaval...

"Madureira sobe o Pelô... tem capoeira
Na batida do tambor... samba ioiô
Rola o toque de Olodum... lá na Ribeira
A Bahia me chamou"

sábado, 1 de fevereiro de 2014

SALGUEIRO 2009


Escola do dia: SALGUEIRO 2009
Categoria: Enredo de temática afro

       Em 2009, a escola Acadêmicos do Salgueiro trouxe para a avenida o enredo de título "Tambor". Antes, é preciso deixar claro que o enredo não era necessariamente de temática afro, uma vez que vimos várias outras referências ao Tambor que não estavam diretamente ligadas à cultura negra, tais como o boi-bumbá ou ainda a cultura nordestina. No entanto, optei por incluí-lo nessa categoria, diante do grande volume de referências à cultura afro presentes no desfile.
       Me lembro perfeitamente da sensação que tive ao ver o TAMBOR passar pela Sapucaí. Estava no Setor 3 das arquibancadas, quando o Salgueiro entrou com um pressão e força indescritíveis. Foi uma energia que se espalhou rapidamente. Sabe aquela sensação de campeã logo na entrada da escola? Foi isso que senti. Em 15 minutos de desfile, parecia que já sabia que o Salgueiro sairia dali campeão. A não ser que erros o impedissem de alcançar tal feito. E pior é que acabou acontecendo! Os primeiros carros tiveram problemas para entrar, com atrasos e abertura de buracos. O pensamento era esse: "não é possível!". Contudo, o desfile foi tão, tão, tão bom que mesmo assim o Salgueiro foi campeão em 2009 (e com méritos!).
        Uma comissão de frente coerente e bem interessante, um desenvolvimento de enredo de gênio conduzido por Renato Lage, por meio de suas alegorias fantásticas (eu, particularmente, adoro a segunda, que retrata o Tambor nos primórdios da humanidade, criado a partir do couro de animais, e o carro que retrata a cultura nordestina) e fantasias perfeitas (o cara é foda!). Ele, pra mim, é simplesmente o número 1 entre todos os carnavalescos que tive o prazer de acompanhar.
      O samba fraco não comprometeu e funcionou perfeitamente bem. Erros de evolução e harmonia não foram suficientes pra diminuir o desfile do Salgueiro, que sobrou em 2009. O ponto alto da apresentação, pra mim, entretanto,  foi a energia, o frisson, a batida do Tambor que só deu pra sentir quem estava lá. A TV, infelizmente, não consegue transmitir com perfeição essas abstrações. Uma pena. Seria muito bom sentir novamente o arrepio do Tambor...

"Vem no tambor da Academia
Que a Furiosa bateria vai te arrepiar!
Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro
Salve o Mestre do Salgueiro"