domingo, 22 de setembro de 2013

VILA ISABEL 2012


Escola do Dia: VILA ISABEL 2012
Categoria: "Deu show mas não ganhou".

             Nos preparativos do carnaval de 2012, havia uma grande ansiedade (e por que não dizer preocupação) de um grande grupo de amantes do carnaval carioca quanto ao desfile da Vila Isabel. Por quê disso? As imagens advindas do barracão da escola apontavam para um desfile super simples, sem grandes luxos e com um emprego grande de estampados em suas alegorias. Por mais que o enredo fosse sobre a cultura negra e o povo angolano e suas nuances africanas, era difícil para um público tão acostumado ao luxo caro (e até exagerado) digerir tal ideia. Lembro perfeitamente que alguns audaciosos chegaram até a apostar em sua "queda". Risos.
              Ao despontar na Marquês de Sapucaí a Vila Isabel calou a boca dos céticos e encheu de orgulho os que apostavam em seu sucesso, que não quedaram-se em falar "eu avisei". A escola fez um desfile simplesmente sensacional. A escola de Noel mostrou porque, nos últimos anos, tem se destacado pelo seu chão forte e aguerrido. Em contrapartida, Rosa Magalhães, mais uma vez, demonstrou por meio de seu trabalho porque é mestra no que faz. Parecia até que as alas e alegorias diziam "olha aí o que é bom gosto".
             A começar pela Comissão de Frente, a melhor do ano, que fez os olhos extasiarem e observarem atônitos movimentos precisos de um coreografia simples e ao mesmo tempo impactante. Na parte estética, a África estava estampada em cada fantasia e cada alegoria. Não tinha como não dizer "isso é cultura negra, é África, é Angola". E o samba? Nota 10, aliás, nota mil. Samba lindo, lindo, lindo. 
            O desfile da Vila Isabel foi, sem sombra de dúvidas, o melhor de 2012. E porque então levou o 3º lugar? Porque perdeu, mesmo com todas essas qualidades? 
                Lembra do que eu disse no ínicio do texto? Que para um público tão acostumado ao luxo caro e exagerado era difícil digerir uma ideia de uma África simples e genuína? Pois é. Acho que os jurados se encontravam nesse tal público. Talvez preferissem substituir as palhas e estampados de Angola por um monte de penas de faisão, ouro, luxos e extravagâncias. Será que eles sabiam que a Vila Isabel estava fazendo uma nova Kizomba? Pena... Pelo menos, a justiça foi feita e no ano seguinte a escola consagrou-se campeã, mas a falta do "bi" ainda está entalado na garganta de muitos.

"Semba de lá, que eu sambo de cá
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive"

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